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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Dança - Pablo Neruda


Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas.
Nada contava nem tinha nome.
O mundo era do ar que esperava
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo.
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio.
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

domingo, 21 de novembro de 2010

Telha de Vidro...



Telha de Vidro
(Rachel de Queiroz)


Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia...

A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!

— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...

Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...


Ponha uma telha de vidro em sua vida!



Rachel de Queiroz, nasceu em Fortaleza - CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — "dona Miliquinha" — era prima José de Alencar, autor  de "O Guarani"), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época. 

Em 1930, quando tinha apenas 19 anos, lançou o livro O Quinze,  onde a seca passou a ser não apenas o ambiente, mas o próprio personagem da história narrada. Rachel de Queiroz foi a primeira escritora a integrar a Academia Brasileira de Letras, em 1977. 

Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04 de novembro de 2003, na cidade do Rio de Janeiro.

No ano de 2010 ocorreram vários eventos em comemoração ao centenário do nascimento da escritora, inclusive com lançamentos de obras de Rachel - entre eles Mandacaru, livro com 10 poemas, escritos quando ainda era muito menina. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um pouco sobre sinônimos


Hoje venho falar de um tema que passou a me intrigar a partir de uma experiência que vivenciei com a nossa Língua Portuguesa. Costumo dar aulas particulares de Gramática para pessoas de diversas idades e, em uma delas, precisei explicar o significado da palavra “sinônimo”.

A partir da definição da Wikipédia, descobri que “sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico ou muito semelhante à outra.”

Procurei, então, exemplos que representassem didaticamente o que estava tentando explicar. A curiosidade foi que não consegui obter palavras sinônimas que me viessem rapidamente à cabeça. Na hora de explicar os antônimos, tive muito mais facilidade, o que fez surgir um verdadeiro ponto de interrogação dentro de mim: por que é mais fácil encontrar palavras contrárias do que buscar as semelhantes?

Refletindo um pouco a respeito, entendi que no vocabulário (e na vida), há palavras que simplesmente não possuem um sinônimo, pois foram criadas para serem únicas. Por mais que a gente tente encontrar algo similar, nunca será igual.

Assim como as palavras, alguns momentos de nosso percurso também se configuram dessa forma. Há aquele instante incomparável, que você pode tentar reproduzir de mil e uma formas, mas nunca irá te provocar a mesma sensação ou o mesmo sabor. Há pessoas que você conheceu e, por um motivo, precisaram partir, e você pode procurá-las nos mais diversos lugares, mas nunca vai encontrar uma cópia fiel, com as mesmas manias, defeitos e qualidades da primeira.

Talvez seja essa, mesmo, a graça da vida. Porque afinal, nada melhor do que descobrir algo novo a cada nova curva do caminho... ainda mais se for algo completamente diferente do que se presenciou no momento anterior.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Fatal!

FATAL
(Adélia Prado)

Os moços tão bonitos me doem,
impertinentes como limões novos.
Eu pareço uma atriz em decadência,
mas, como sei disso, o que sou
é uma mulher com um radar poderoso.
Por isso, quando eles não me vêem,
como se dissessem: acomoda-te no teu galho,
eu penso: bonitos como potros.
Não me servem.
Vou esperar que ganhem indecisão.

E espero.


Quando cuidam que não,
estão todos no meu bolso.


Adélia Luzia Prado Freitas - (Divinópolis, 13 de dezembro de 1935) é uma escritora brasileira. Seus textos retratam o cotidiano com perplexidade e encanto, norteados pela sua fé cristã e permeados pelo aspecto lúdico, uma das características de seu estilo único.  Professora por formação, exerceu o magistério durante 24 anos, até que sua carreira de escritora tornou-se sua atividade central.

Segundo Carlos Drummond de Andrade, "Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis". A escritora também é referência constante na obra de Rubem Alves.

Na literatura brasileira, o surgimento da escritora representou a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser pensante, ainda que maternal, tendo-se em conta que Adélia incorpora os papéis de intelectual e de mãe, esposa e dona-de-casa; sendo considerada como a que encontrou um equilíbrio entre o feminino e o feminismo, movimento cujos conflitos não aparecem em seus textos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Malleus Maleficarum

O Malleus Maleficarum, ou Malho (martelo) das Bruxas foi escrito em 1486 por H. Kramer e Jacob Sprenger, ambos membros da Ordem Dominicana e Inquisidores da Igreja Católica.
A obra acabou sendo sancionada como um instrumento de inquisitório contra bruxarias e heresias, através de uma bula papal promulgada pelo Papa Inocêncio VIII.   
Foi através desta histórica bula papal, que a igreja reconheceu a existência das bruxas e da bruxaria, bem como concedeu autorização para que os praticantes de bruxaria fossem perseguidos e eliminados. E assim inaugurou-se a sangrenta caça ás bruxas que durou séculos e foi responsável por um autêntico genocídio de mulheres e homens em todas a Europa, chegando mesmo a afetar os inícios da história norte-americana.
O Malleus Maleficarum disserta sobre os três elementos fundamentais á concretização da bruxaria, sendo eles:

                    
 I - A existência de uma bruxa;
                                         
II - A ajuda do demônio nas atividades e intentos da bruxa;
                                        
III - A permissão de Deus para que tais atos possam ocorrer.
O Malleus Maleficarum, é por isso um tratado sobre bruxaria, (identificando o fenómeno, assim como dissertando sobre os meios de o reprimir), que se encontra dividido em três secções, sendo estas:

Secção I - A primeira seção refuta a negação da existência da bruxaria, alegando que a mesma é uma realidade que embora invisivel é porem tangível e capaz de ter efeitos muito claros na vida das pessoas. Nesta secção, defende-se a existência do Diabo e toda a realidade demoníaca, afirmando que o demónio tem o poder de fazer grandiosos prodígios, assim como declarando que as bruxas existem para auxiliar os demónios a concretizarem os seus atos. Neste capítulo, é também esclarecido que terreno mais fértil e o mais poderoso favorecedor do poder do diabo é a sexualidade. Por isso, é afirmado que a mulher é mais passível de ser bruxa, pois o diabo tende a preferir corromper belas mulheres que gostam da ardência do prazer sexual. O vício sexual de belas mulheres é por isso a porta preferida do diabo para entrar neste mundo e recrutar as suas servas: «toda a bruxaria nasce da luxúria carnal, que nas mulheres (libertinas e viciadas no prazer sexual)  é insaciável».
Secção II - 
A segunda seção, descreve as formas de bruxaria que existem, assim como os remédios existentes para a combater.
Nesta seção do Malleus Maleficarum, os autores debruçam-se sobre a prática da bruxaria através da análise de casos concretos. Nesta secção dão analisados os poderes sobrenaturais das bruxas, assim como as técnicas de recrutamento de novas bruxas. Segundo esta secção, não é o Diabo que recruta directamente as suas servas neste mundo, mas antes são as bruxas que desempenham essa tarefa pelo Diabo, ou ao serviço do demónio. Esse recrutamento ocorre basicamente de 2 maneiras: fazendo ocorrer algo de mal na vida de uma mulher inocente, que se vê levada a consultar uma bruxa caindo nas teias desta, através das delícias do sexo ou pelo fascínio dos segredos obscuros. Ou introduzir belas mulheres ou demônios na forma de belos homens, para dessa forma envovê-la nas tentações carnais rumo ao caminho das trevas. Esta seção também revela como é que as bruxas lançam feitiços e encantamentos, assim como os remédios que podem proteger contra tais fenômenos mágicos. 
 
Secção III -
A terceira seção  destina-se a auxiliar os juízes inquisitórios na sua tarefa de identificar bruxas e combater o fenómeno da bruxaria.
Esta seção III é a parte jurídica do tratado, ou seja:
descreve como identificar e acusar uma bruxa. Os argumentos acusatórios são claramente expostos como um guia pratico para consulta dos magistrados da Santa Inquisição, facultando passo a passo um manual instrutório  que diz como se realizar um processo de julgamento de uma bruxa, desde o momento da recolha de provas para fins da acusação formal sobre bruxaria, aos métodos de interrogatório da bruxa e testemunhas, ate à formulação da acusação  e consequente julgamento.

domingo, 13 de junho de 2010

Feliz aniversário, Su!!


Até pouco tempo, o dia 13 de junho sempre me lembrava Santo Antônio...

As festas, barraquinhas, rezas e comilanças na minha cidade natal...

As simpatias e promessas das moças casadoiras ao santo casamenteiro...

As danças juninas, as histórias e o feriado na minha cidade...

Mas agora o dia 13 de junho ficou muito mais especial para mim!!

É o aniversário de uma baianinha que apareceu na minha vida e me conquistou de vez!

Linda, inteligente, amiga, sincera, prestativa, presente (em todos os sentidos!!), poeta, grande escritora, singular, borboleta, cativante, encantadora... e com uma voz ma-ra-vi-lho-saaaa!!

Nós duas somos super tímidas, mas conseguimos conversar no celular por quase duas horas sem parar!! hehehe... E sem cansar!!

É que a companhia da Su é tão gostosa que não dá vontade de largar ela, não, de jeito nenhum!!

Mas é difícil definir essa menina... Ela é tão singular e tão plural!! Então, deixo que ela mesma se defina:

"Calmaria e tempestade... Um pontinho de solidão, algumas desconsiderações, uma xícara de chá quente, um cheiro de poesia misturado as canções do mar. Uma descoberta a cada madrugada, um sonho de inverno... Definições são improváveis, porém as descobertas são constantes!!"
***Isso é um pouquinho de Suzana, por Suzana Martins****

Linda, ne?

E fã de Cecília Meireles, então, como presente para ela, deixo versos dessa grande poeta:

Dois Cânticos e uma Canção
Cecília Meireles


Cântico II

Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens...
não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu


Canção Mínima

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta

Cântico VI

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acaba todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.


Ah...

E como ela gosta de Jack Johnson, deixo também um vídeo com a canção Better Together...



Su, minha linda...

O que quero te dizer hoje é bem o que é dito nesse trecho da canção... "Vou te dizer uma coisa: é sempre melhor quando estamos juntas!!"

Desejo a você muitos desejos, muitos sonhos, muita liberdade e muitos vôos felizes!

E, claro... muitos brigadeiros para adoçar tudo!!



Você já sabe, mas nunca me canso de repetir... Você é muito amada!!

Feliz aniversário!!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Flores em você, amore!

- Está na hora de apagar a velhinha... qr dizer a Helinha... não, não!... a VELINHA!! rs... Hoje é uma dia especial porque nesta data nasceu uma pessoa muito especial. Faz um pouquinho de tempo, é verdade... Mas ela é como se diz do vinho: quanto mais o tempo passa mais gostosa fica! Ops, desculpa... MELHOR FICA!! Helinha, tbm conhecida como @heliabh, é dessas pessoas que entra em seu coração sem pedir licença e lá mesmo se acomoda. Do meu ela tomou conta faz tempo, já tem direito a usucapião. É uma pessoa linda por dentro e por fora. Sempre disposta a auxiliar os amigos, às vezes até deixando seus próprios problemas de lado. Ah, também é ótima pra resolver trabalhos de estatística! E diz que sabe cozinhar, mas nunca deixou eu provar da pururuca nem do tutu dela, mas um dia eu vou a Belô e mostro a ela com quantos paus se faz uma jangada cearense. É uma mulher dinâmica: professora, blogueira, esposa e mãe, além de minha grande amiga (virtual, mas verdadeira!) e de um montão de gente mais. Helinha, amore mio, tenho que confessar que vejo flores em você! Parabéns, anjo! E muito sucesso sempre!! um xero enorme e gostoso pra você!!!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Musica - Resposta - Skank



Bem mais que o tempo
Que nós perdemos
Ficou prá trás
O também o que nos juntou...
Ainda lembro
Que eu estava lendo
Só prá saber
O que você achou
Dos versos que eu fiz
Ainda espero
Resposta...
Desfaz o vento
O que há por dentro
Desse lugar
Que ninguém mais pisou...
Você está vendo
O que está acontecendo
Nesse caderno
Sei que ainda estão...
Os versos seus
Tão meus que peço
Nos versos meus
Tão seus que esperem
Que os aceite...
Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante........
Composição: Samuel Rosa / Nando Reis

Quem disse que não existe poesia nesta música do Skank? Penso de outro modo. Acho os versos de Resposta, muito tocantes. Por isso a escolhi para postar neste Blog.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Oscar Wilde





Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que afantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos,
para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril.

sábado, 8 de maio de 2010

Poesia













Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Uma pequena homenagem para três mulheres super especiais. Zuleide, Rose, e Maria de Lourdes, as respectivas mamães do Well, da Sil e da Helia, idealizador e colaboradoras do Blog Pau de dar em doido.

À minha mãe...


Minha mãe estou distante,
Mas em mim nada mudou.
Conservo em meu coração
Lembranças do que passou.
Do lado esquerdo do peito
Guardo carinho e respeito
Que você, mãe, conquistou.

Lembro-me com saudades,
Daqueles tempos antigos.
Eu menina astuta e levada
E você brigando comigo.
Quantas surras eu levava,
E aí era que eu aprontava
Não tinha medo de castigo.

No fundo eu bem sabia,
Que tinha sua proteção.
Os castigos e as surras
Soavam como correção
Em cima desta menina
Que mesmo tão traquina,
Tinha um bom coração.

Saudades sinto muitas,
Ás vezes fico perdida.
Tentando em vão imitar
O sabor de sua comida.
E daquela boa comidinha...
Nunca mais sua Dalinha
Vai esquecer nessa vida.

Você já passou dos oitenta
Mas ainda briga pela vida.
Seus ombros estão arreados,
Anda um tanto esquecida,
Mas ainda faz versos e canta,
E por tudo isso me encanta,
Minha velhinha querida.

Hoje também sou mãe,
Tenho minhas obrigações.
Somente agora entendo
As suas preocupações.
Pois pelos filhos que pari
Já chorei e também sorri
Em tempos de emoções.
(À minha mãe - Dalinha Catunda)

Minha querida amiga Dalinha Catunda é cordelista de primeira! De Ipueiras, Ceará, traz essa sua arte, seu talento e sensibilidade, para nos brindar e emocionar...

Visite o blog dela e delicie-se com seus escritos e suas belas imagens!

Conheça o Cantinho da Dalinha...

Certamente você aprenderá a admirá-la, como eu!

^^

Feliz Dia das Mães a todas as mães e a todos os filhos!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poesia













Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se para a injustiça.
Elas não aceitam "não" como resposta
quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos
para as suas crianças os poderem ter.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando as suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem acerca
de um aniversário ou de um novo casamento.

  Pablo Neruda

sábado, 1 de maio de 2010

OS POEMAS QUE NÃO TENHO ESCRITO


Os poemas que não tenho escrito
                                                 porque
trabalhando num banco me interrompiam a toda hora
ou tinha que ir à venda e à horta
                      — quando o poema batia à porta,
os poemas que não tenho escrito
                                                 por temer
descer mais fundo no escuro de minhas grotas
e preferir os jogos florais
                 de uma verdade que brota inócua,
os poemas que não tenho escrito
                                                porque
meu dia está repleto de alô como vai volte sempre obrigado
e eu tenho que explicar na escola o verso alheio
quando era a mim próprio
                                     que eu me devia explicado,
os poemas que não tenho escrito
                                                porque gritam
ou cochicham ao meu lado
                        ligam máquinas tocam discos e ambulâncias
passam carros de bombeiro e aniversários de criança
                                   e até mesmo a natureza solerte
se infiltra entre o papel e o lápis
                          inutilizando com sua presença viva
                          minha escrita natimorta,
os poemas que não tenho escrito
                                                                    porque
na hora do sexo jogo tudo para o alto
e quando volto ao papel encontro telefonemas e prantos
a exigência de afetos, planos e reencontros
me deixando lasso o pênis e um remorso brando no lápis
esses poemas que não tenho escrito
como um ladrão escapando pelas frestas
ou covarde devorado por seus medos
                                                     e persas
esses poemas que não tenho escrito
                                                      esses poemas
estão lá dentro
                      me espreitando
alguns já ressecados
                               outros ressucitando
outros me acudindo
                             muitos me acenando
                                                            batendo à porta
                                                            — me arrombando
                             me invadindo a sala
                             com falas corretoras
                             enciclopédias e planos
esses poemas estão lá dentro
                                            latentes
                                            me apertando
                                            atando
                                            sufocando
e qualquer dia me encontrarão
                                            roxo e acuado
                                            senão boiando e afogado
— numa sangria de versos desatada.


Affonso Romano de Sant'Anna

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Aviso

Aviso aos Amigos e seguidores deste Blog
Por problemas de saúde, deixei de escrever textos novos para o Blog.
Por enquanto, coloco esta poesia do Pablo Neruda, para preencher o espaço que o Wellington criou com tanto esforço e dedicação. Logo voltarei a postar novidades para vocês.
Boa tarde a todos.
Silvana Araújo.












Se cada dia cai


Se cada dia cai,
Dentro de cada noite,
Há um poço onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira do poço da sombra
E pescar a luz caída com paciência.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Finlândia


A Finlândia, oficialmente República da Finlândia, é um país nórdico situado na região da Fino-Escandinávia, no norte da Europa. Faz fronteira com a Suécia a oeste, com a Rússia a leste e com a Noruega ao norte, enquanto a Estônia está ao sul através do Golfo da Finlândia. A capital do país é Helsinque.

Cerca de 5,3 milhões de pessoas vivem na Finlândia, sendo que a maior parte da população está concentrada no sul do país. É o oitavo maior país da Europa em termos de área e o país menos povoado da União Europeia. A língua materna de quase toda a população é o finlandês, que é uma das línguas fino-úgricas e é mais estreitamente relacionado com o estoniano. O finlandês é apenas uma das quatro línguas oficiais da União Européia que não são de origem Indo-Europeia. A segunda língua oficial da Finlândia - o Sueco - é a língua nativa de 5,5 por cento da população.

A Finlândia é uma república parlamentar com o governo central baseado em Helsinque e os governos locais baseados em 348 municípios. A Área Metropolitana de Helsinque (que inclui a Helsinque, Espoo, Kauniainen e Vantaa) é a residência de cerca de um milhão de habitantes e é responsável pela produção de um terço do PIB do país. Outras cidades importantes incluem Tampere, Turku, Oulu, Jyväskylä, Joensuu, Kuopio e Lahti.

A Finlândia foi uma parte da Suécia e em 1809 um Grão-Ducado autônomo dentro do Império Russo. A Declaração de independência da Finlândia foi feita em 1917 e foi seguida por uma guerra civil, guerras contra a União Soviética e a Alemanha nazista e por um período de neutralidade oficial durante a Guerra Fria. A Finlândia aderiu à ONU em 1955, à OCDE em 1969, à União Europeia em 1995 e desde o início da Zona Euro. O país foi classificado como o segundo mais estável do mundo, em uma pesquisa baseada em indicadores sociais, econômicos, políticos e militares.

A Finlândia teve um atraso relativo no seu processo de industrialização, permanecendo como um país essencialmente agrário até 1950. Posteriormente, o desenvolvimento econômico foi rápido e o país atingiu um dos melhores níveis de renda do mundo no início da década de 1970.

Entre 1970 e 1990, a Finlândia construiu um Estado de bem-estar social. Depois de uma grave depressão no início de 1990, os sucessivos governos do país reformaram o sistema econômico finlandês através de privatização, desregulamentação e de cortes de impostos.

A Finlândia é muito bem colocada em várias comparações internacionais de desempenho nacional, como produção de alta tecnologia, saúde e desenvolvimento humano. O país foi classificado na 1ª posição do Índice de Prosperidade Legatum de 2009, que é baseado no desempenho econômico e na qualidade de vida.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Finlândia

terça-feira, 27 de abril de 2010

Curta vida


A vida é curta, 
Quebre regras.....
Perdoe rapidamente
Ame verdadeiramente
Beije demoradamente
Abrace calorosamente
Ria incontrolavelmente
e nunca, jamais deixe
de sorrir, por mais estranho
que seja o motivo....
A vida pode não ser a festa
que esperávamos, mas, enquanto
estamos aqui, devemos dançar...


Colaboração:
Sidarta Reis 
Rô Antiqueira 

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Absinto - Parte 2


Os males causados pelo absinto

Na Europa do início do século XX o absinto pode ser considerado uma droga de massas, levando a população ao alcoolismo e, segundo médicos da época, ocasionando outros problemas de saúde, inclusive mentais, tais como: epilepsia, impotência, tuberculose, sífilis, suicido e loucura.
O consumo de absinto na França era tão elevado que a hora do consumo foi apelidada de hora verde, entre 17h00 e 19h00 da noite. Em 1912, cerca de 220 milhões de litros de absinto eram produzidos na França.
Além dos males à saúde, o absinto foi responsável pelo aumento da criminalidade. Um exemplo disso ocorreu em 1873, om o poeta Paul Verlaine. Após beber absinto, atirou em Arthur Rimbaud, seu amante. Van Gogh, além de suas perturbações inatas, estava sob o efeito da bebida quando cortou a própria orelha e agrediu Gauguin. Em 1905, Jean Lanfray assassinou sua família com uma espingarda após grande consumo de outros tipos de álcool e de absinto.

Proibição

Em 1908, por plebiscito popular, foi proibido na Suíca, onde 63,5% dos eleitores apoiaram a proibição. Aplicada em 1910, a lei proibiu o absinto na Suíça. Outros países seguiram e em 1913 os EUA e quase toda Europa haviam adotado a proibição. Apenas na Espanha, Portugal, Dinamarca e Inglaterra ainda era permitido o consumo, desde que a bebida fosse produzida com quantidade limitada de tujona.
Em 1999 no Brasil, foi trazida pelo empresário Lalo Zanini e legalizada no mesmo ano, porém teve de adaptar-se à lei brasileira, com teor alcoólico máximo de 54ºGL.